terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A Febre - Artigo do Produtor Henrique Inácio

Não é de hoje que assistimos a derrocada da cultura, das artes... Num
passado distante foi com a produção industrial que se fez com que
qualquer pintura pudesse ser reproduzida incansavelmente.
Com os irmãos Lumiére, a humanidade se assustou e depois se acostumou
a se enxergar, em assistir a fatos reais ou ficcionais, drama,
comédia, documentários, etc. Muito do que era visto era vivenciado, e
muito do vivenciado era explorado pelos meios de comunicação em massa,
abrindo-se para o ser humano um novo paradigma de desenvolvimento e de
auto-reconhecimento. A vida no planeta passou a ser traduzida e
experenciada por fórmulas pré-concebidas e de fácil assimilação. A
moda no século passado mudou tão repentina e rapidamente quanto os
ponteiros dos segundos de seu relógio.
As guerras, os homicídios, fome, miséria por todo o globo passaram a
ser recorrentes no noticiário matinal, entre o café e um bocejo. Não
obstante, não paramos por aí. Com o advento da internet, da sociedade
em redes sociais, com a queda do muro de Berlin, e não cito apenas
físico, atribuo sim a pós-modernidade esta mudança de escopo e à
imanência do tempo e à proximidade de outras culturas, de saberes e
fazeres, o mundo que tínhamos por grande e distante chegou veloz em um
simples clique, enter no seu tablet aí em sua mão neste instante.
Reclamaram quando ouviram guitarras estridentes no meio de um festival
tido como exponencial do ritmo tradicional brasileiro, estrilaram
quando misturaram rock com MPB, profanação... Sandices de gente sem
valores. Bete Balanço com seu olhar 43, nada mais seria como antes...
Será? Desde pequenos fomos programados para receber lixo de outras
praças... Talvez agora seja a hora do ajuste de contas, temos neste
rapaz Michel Teló a resposta preconizada em sua canção/dança, toda
causa e efeito...Mas como diria a letra de Fátima: o que começa sempre
acaba... eu tenho pena de vocês. Passa como passaram marchinhas do
começo do séc. 20, passa como passam os trios elétricos da Bahia,
passam como aquelas músicas grudentas da jovem guarda.É uma febre.Dura
um pouco, mas passa...Ora, se até a Luíza voltou....daqui a pouco já é
carnaval.

domingo, 22 de janeiro de 2012

A Descoberta de Novos Caminhos - Artigo de Anand Rao


Anand Rao
Jornalista, Músico e Poeta

Ontém (sábado, dia 21 de janeiro de 2012) participei de uma festa. Um reencontro de amigos que voltaram a se ver depois de 30 ou 35 anos. O tempo aqui não interessa, o que interessa mesmo são as diversas histórias que pude conjugar e repartir no fundo do meu coração. Muitas não conseguirei traduzir aqui. Muitas terão a minha visão e não da realidade. Nomes não citarei, citarei sim magias, sensibilidades compartilhadas nos diversos diálogos que tive.

Para que o leitor amigo, que lê minhas palavras gentis, por vezes sutis e raramente agressivas, se situe, faço um breve histórico. Duas mulheres e suas mentes infinitas, suas sensibilidades femininas, utilizando de recursos do facebook foram reencontrando amigos. Amigos com a vida formada, ou em construção, com filhos em casa, ou na casa do ex-conjuge, enfim, amigos onde a média de idade penso deve ser os 50 anos e suas vidas que se entrelaçaram no chamado “científico”, hoje chamado de ensino médio, voltaram a se entrelaçar.

A princípio as festas seriam esparsas, alguns questionavam se uma agenda intensa poderia minimizar as emoções do reencontro mas, não é isso que está acontecendo. Primeiro, se criou um grupo para administrar um grupo no facebook. Depois, uma reunião, um encontro inaugural organizado pelas idealizadoras do reencontro. De repente, um passeio ciclistico que reuniu uma série de pessoas e ontém um reencontro onde a pizza foi eleita como o prato predileto e o videokê ou karaokê como a diversão principal.

O fato é, o que está acontecendo, porque estes cinquentões ficam tão alegres quando se vêem. Pude notar que novas relações, relacionamentos novos, estão acontecendo neste grupo. Pessoas que estavam separadas estão se encontrando, casados estão tendo a possibilidade de aquecer suas vidas e os que têem a amizade como parâmetro principal estão vivenciando este sentimento em profundidade.

Um outro fator interessante é que a maioria tem filhos e os filhos estão tendo oportunidade de ver e sentir que os pais tem vida própria, emoções, segredos, paixões, enfim, estão vivos e não são apenas um par de “micos” se é que me entendem. Explico, hoje a criança, o adolescente costuma vez por outra dizer que o pai está “pagando um mico”. No caso dos cinquentões não, se os filhos aparecerem não estarão pagando um “mico”, estarão na verdade se tornando mais ricos na sua vivência pois, estarão convivendo com os pais numa nova situação, onde eles são os protagonistas.

Primeiro, se aparecerem, nunca nenhum dos presentes dirá que o filho do outro está pagando um mico, sentirá sim uma grande emoção e pensará que a presença do seu filho de uma próxima vez será tratada com uma energia renovadora. O filho não paga mico na festa do pai. Não... O amadurecimento daqueles cinquentões é tamanho que o filho é uma energia a mais, positiva, que conjugada com a energia deles se tornará uma magia infinita.

Pude notar também que há os que querem reprimir, se a palavra for forte, organizar, se forte ainda, orientar, ou então, apenas dizer. Mas, não há espaço para represssão, organização, orientação nem nada. É tão intensa a energia do reencontro, seja falando do passado, seja projetando no presente novos caminhos e investimentos, seja revigorando a agenda de cada um, que pude notar, só a criação, a comunhão, tem espaço nesse grupo . Diversas festas com diversos temas e contextos com certeza serão criadas daqui prá frente. Há os que procuram estimular o amigo a participar do tema da festa, ontém, o canto. Há os que brincam e brindam por estarem saudáveis e vivos, detentores de uma saúde singular. Há os que buscam um olhar diferente daquele que se estabeleceu no passado. Enfim... há vários caminhos e descaminhos. E isso é genial.

Todos, com certeza, que estão frequentando, estão curtindo e excitados como este momento em suas vidas. Se a energia evaporar, os “posts” do facebook com certeza vão diminuir, mas, a criação de novos eventos, como temas distintos, com certeza, agitarão o grupo a seu tempo e hora. Senão reflitam... Eu mesmo já disse onde vou passar o carnaval e perguntei se alguns gostariam de ir. São mais de cem pessoas cadastradas no grupo. Obviamente, a vida de cada um está numa situação, há os que aguardam novas reuniões e os que vão avaliar se irão nas próximas, mas, há em todas as vidas uma novidade, uma revelação de que a vida é mágica e intensa e neste grupo há uma possibilidade de viver essa intensidade com emoção.

Fazendo uma reflexão pessoal, abrindo um parenteses, parece que a amizade daquela época é mais sincera e desinteressada que a amizade atual, do trabalho, dos amigos do trabalho, pois, naquela época eramos filhos, sustentados, enfim, eramos apenas amigos.

Alguns já falam em cruzeiros marítimos, outros em festas de dança, outros violadas e festas poéticas, quantos temas virão e quantos darão certo, não sei. Mas, tenho uma certeza e essa certeza vi ontém, a vida de todos mudou, há uma nova agenda, há um novo grupo, há uma nova energia, há o que se deve haver quando se há vida... Perdoem a repetição, há o que se deve haver quando se há vida... Ou seja, há vida, isso mesmo, há muita e muita, larga e intensa, renovada e singular vida.

Viva o que há de melhor enquanto estamos vivos, viva a vida.

Anand Rao
Jornalista, Músico e Poeta

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

A RELAÇÃO HOMEM – ANIMAIS - Artigo de José Jabre Baroud

            É verdadeiramente incrível a relação Homens e Animais.  Na verdade, essa relação deveria, sempre, ter o título: Animais e Homens.

            Quando nos referimos aos animais, de modo geral, costumamos chamá-los de “irracionais”.
José Jabre Baroud e Simão
            Esses “irracionais”, por acaso, roubam,  pelo simples prazer de tirar algo de alguém? Matam, pelo simples prazer de matar alguém? Agridem uma pessoa, pelo simples prazer de machucar alguém?

            Então, quem são os verdadeiros IRRACIONAIS?

            Aquele velho ditado – Quanto mais conheço os homens, mais admiro meu cão – nunca esteve errado. A cada dia está mais presente em nossas vidas.

            Não posso e nem quero me lembrar daquela maldita história de uma mulher que matou um cachorrinho, e o pior, perto de sua filha.

            Costumo dizer que sou um assassino, em potencial, quando se trata de defender minha família. E, hoje, acrescento mais um, na minha lista de defesa: SIMÃO. Um lindo Golden Retriever, de um ano e oito meses de idade, que ganhei de um filho meu, e que dorme no meu quarto, junto à minha cama.

            Como já foi publicado numa revista de um grande jornal desta Capital, esta relação Homem – Animal mudou, completamente, a minha vida.  Hoje, sou um homem que voltou a sentir a alegria de viver. Para mim, não existe mais a infeliz solidão.

            Não me importo, absolutamente, se ele quebra alguma coisa, quando vem me fazer festa, abanando seu longo e poderoso rabo peludo.

            Não ficaria chateado, aborrecido ou enraivecido se ele, por acaso, fizesse suas “necessidades” dentro de casa. Aliás, coisa que ele nunca fez.

            Pouco me importo quando tenho que retirar os pelos que ele solta, dentro de casa. Constantemente, essa raça troca de pelos. Isso é natural. Faz parte da vida deles.

            E o que é que eles – os Irracionais – nos pedem? Carinho e comida!

            Pouco se lhes dá se tem um colchão, uma cama forrada ou um bercinho para eles dormirem! Dormem em qualquer lugar: no chão, na cama, na varanda ou dentro de casa.
           
            Se lhes damos banhos, cortamos suas unhas, aparamos seus pelos, lhes damos o melhor tipo de ração ou, o que é pior, restos de comidas, para eles tanto faz. Isso pouco lhes importa.

            SIMÃO nunca me pergunta aonde vou. Jamais reclamou, quando, às vezes, chego em casa “meio alegre”, depois de uma festa ou encontros com amigos. Nem me pergunta com quem eu estava ou onde fui. Mas cheira minhas roupas! Bem f.d.p. – me desculpem.

            Esse “irracional” mudou, completamente, a minha vida. Não faço mais minhas longas viagens. Não consigo ficar longe dele, por mais que três ou quatro dias, no máximo.

            Segundo minha nora, com quem ele fica, quando viajo, nem petiscos ele come. Ainda, segundo ela, SIMÃO só fica deitado, com olhar distante e triste. Parece que está a minha espera.

            Repararam que só escrevo o nome dele em letras maiúsculas? Por que será?

            Se alguém se refere a ele, chamando-o de cão, imediatamente leva uma reprimenda minha: “cão deve ser alguém da sua distinta família”.

            Vou parar, agora, porque o SIMÃO quer carinho. Falei!

                                                           José Jabre Baroud.